quinta-feira, 28 de junho de 2012

Livro: A Chuva


      Já pensou se algum dia sua vida se tornasse o objeto de diversão de um sociopata? 


“- Miserável! - Gritei. - Eu vou... 
Ei! Cuidado com os elogios!
– Ele parecia falar sério.
 É o seguinte, detetive. Espero que você reserve sempre um tempo para mim depois dos assassinatos, pois eu lhe garanto que ligarei.
- Assassinatos? – Estranhei o plural.
- Você acha mesmo que esse foi o único? Há! Há! Há! O melhor de tudo é saber que você não pode impedir.
- O outro lado da linha ficou mudo após uma risada cruel.”
       Dimitri é um assassino misterioso e peculiar. Ele cria uma espécie de jogo de “gato e sapato”, transtornando a vida de Detetive (que não tem o seu nome revelado). Através de ligações sarcásticas, Dimitri avisa ao investigador sobre cada um de seus crimes, e a cada crime, deixa uma pista de seu paradeiro, envolvendo este em uma teia criminal perigosa e aparentemente infindável.
       “A Chuva”, por Ariel Ayres, é uma obra de conteúdo leve e cativante. A linguagem é simples e clara, capaz de entreter qualquer jovem, seja de corpo ou apenas de alma. Os diálogos são dinâmicos e objetivos, sem tornarem-se artificiais. O enredo se desenrola como um labirinto onde até mesmo o leitor é capaz de se perder em meio à angústia do protagonista. As personagens são construídas em um âmbito sombrio. Apesar de seu grau de importância, as mortes chegam a parecer ilógicas e o detetive cada vez mais confuso. O cenário dá a entender que tudo ocorre em uma grande cidade, onde a presença da mídia pode influenciar a todos e até mesmo acabar com a carreira de alguém. Um alguém é o próprio detetive, que se vê pego pelas armadilhas de um assassino em série misterioso, que aterroriza a sua mente, criando uma atmosfera angustiante que leva o leitor às ultimas páginas num instante.
       Apesar do final pouco surpreendente, não deixa de ser interessante. O autor consegue prender o leitor, sem utilizar-se de acontecimentos e informações realmente desnecessárias. Com suas situações de certa forma grotescas, A Chuva me fez imaginar a que ponto um ser humano pode chegar por puro medo e desespero.  Esta é mais uma das obras que me fazem pensar sobre quão boa é a literatura atual brasileira.




Por Stephanie Santana
Trecho retirado do livro A Chuva, por Ariel Ayres.
Contatos com o autor: ariel.ayres.contato@gmail.com
Blog do autor: arielayres.blogspot.com