quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Folhas abertas

Mesmo sem tanta vontade, é com as linhas de praxe que tenho que lidar. De repente, não tão de praxe assim, mas voilá.

Como não estender o ano para além de 365 dias, com toda uma rede, complicada, embolada, se entrelaçando por entre meus dias?

Como fazer desta uma poesia bela, singela?
O que tanto a poesia faz interferindo neste processo?

Encante-se, apenas, dizem a mente e o coração.
Diante de tais mandantes, quem sou eu para desobedecê-los?

Pus aqui a minha alma. De leve e acalmada.
Pus ela aqui subjetiva para dar, assim, a oportunidade de se tirar daqui o que há aí, em si.

Pois é, caro leitor. Espero que possa se descobrir por mim.

Texto: "Boneca", por Stephanie Santana

Boneca sentiu-se em casa, de barriga cheia, ao lado de quem mais amava.
Um amor eterno, amor vívido, amor querido, amor de mãe.
Boneca sorriu feliz, uma nova estação estava por vir.

Boneca foi passear sozinha.
Boneca foi atrás de seu Encanto.
Encanto se fazia seu sol, Encanto a tinha fisgado em seu anzol.
Boneca se sentia feliz, ainda que às vezes não fosse bem assim.
Boneca se apegava, sonhava, cuidava.
Boneca viu no pôr do sol uma saudação à esperança e mesmo assim, apertou-se seu coração.

Boneca teve pressa.
Boneca teve sonhos.
Boneca acreditava numa vitória.
E o que teve foi decepção.

Boneca doou a si para o Encanto.
Encanto aos poucos virou Peso.
Peso mascarou-se de Esperança e se transformou em Ilusão.
Boneca, então, enganou a si.
Já, Ilusão, é claro, transformou-se em Desilusão.
Boneca, assim, acabou por cair.

Boneca se ajeitou e seu porte mudou.
De prontidão, Carinhos lhe estenderam a mão.
Boneca seguiu, então.

Carinhos, à Boneca, sorriram.
Carinhos a Boneca envolveram.
Carinhos a Boneca mudaram.
E foram os carinhos que ficaram.

Paixões para a Boneca surgiram,
Paixões da Boneca se foram.
Experiências chegaram também sorrindo.
E à Boneca nada restou, tudo ficou, um pouco passou.